E ela pensava no que fazer ... Toda aquela diferença a deixava confusa, era como se ela não estivesse lá, como se todas fossem vivos, presentes e ela fosse apenas uma mera observadora. Não se sentia parte do todo, não se sentia parte do interno, apenas observadora. Tédio. Tédio poderia definir a situação, mas às vezes esse conceito não se encaixava muito bem, às vezes era tudo tão novidade, tão interessante que mesmo a simples observação era boa e prazerosa. Porém, a sensação continuava ... parecia que ninguém a via, que ela não era um indivíduo a mais no recinto. Enquanto todos riam ela estava séria, enquanto todos se concentravam ela estava dispersa! Fora de contexto! Pensava em coisas para fazer, algo para preencher o vazio e o tempo que lhe sobravam. Decidiu escrever, pois assim fugiria do mundo em que era apenas observadora sem ação e entraria no seu mundo interno e pessoal. Agora, com a escrita e os pensamentos à solta era realmente não presente, se confundia em realidade e ilusão, passado e presente, longe e perto . Mas apesar de tudo, queria estar ali, queria muito. E queria mais ainda lutar, treinar e aprender para que pudesse adentrar inteiramente naquele novo mundo, para que pudesse adentrar mais ainda com suas idéias e compartilha-las para com o todo. Só pensava no que fazer ...
Tudo tão novo, muita informação, muita coisa pra ver, pra sentir ... Às vezes cansa, às vezes o que apenas quero são as mesmas coisinhas de sempre, de lá, de longe! Mas a ânsia de aprender, ânsia de ensinar, de descobrir, experimentar e sentir me faz seguir em frente, me faz viver o presente sem pensar no tempo que falta, no que tempo que está por vir. Pois essa é a melhor saída pra fazer com que as coisas sejam mais intensas e pra que a saudade seja amena, é viver o que está aqui, é sentir, vivenciar, provar, sem pensar, sem raciocinar. É só se jogar sem preocupações ... Eu estou sentindo muita falta, isso é fato. Falta das coisas, dos sabores e dos cheiros, falta do cotidiano e principalmente falta das pessoas, ahh, como eu sinto falta delas. Mas eu acho que isso vai acabar fortalecendo de algum jeito, vai acabar ajudando. Porque o que for realmente verdadeiro vai permanecer, vai ser cada vez mais estável e presente. E uma outra certeza que tenho é que mesmo com toda essa distância e falta de contato os que são importantes estão presentes aqui, estão comigo. É presença na ausência, é lembrança todo o tempo! E eu só quero seguir, vivenciar o que tem pra ser vivenciado e voltar quando for a hora pra poder compartilhar tudo e levar as outras lembranças para os que ficaram, mas ficaram só fisicamente porque no pensamento e na alma, esses são presentes sempre!