sábado, 2 de maio de 2009

Ritmo.

19 de setembro de 1996

Minha Flora,

As coisas aqui parecem sem nexo ás vezes, mas eu sei que esse é só o sentimento causado pela falta que você faz, meu amor.
Eu não entendo certos atos, certas melodias, certos crepúsculos, mas eu sei que quando eu penso na sua beleza qualquer coisa parece ter mais sentido, tudo parece ser mais vivo perto de você.
Eu estava andando pelos jardins agora e por incrível que pareça hoje é um dia de sol e flores, as pessoas parecem mais felizes do que o normal e eu também (mesmo eu não me encaixando muito bem no tipo de felicidade deles). Eu acho que o mundo percebe quando eu vou escrever para você, e como eu já te disse inúmeras vezes, te escrever é te sentir e te sentir é viver intensamente.
Ah, é isso mesmo que eu preciso, intensidade. Acho que o que eu sempre procurei a todo segundo na minha vida foi intensidade, principalmente nos pequenos atos. Me traz desespero pensar que as pessoas agem tão automaticamente, tão sem perceber... tudo podia ser tão mais bonito, e se podia. Do café onde estou sentado posso ver um jardim de tulipas (sua preferida). É, parece que as coisas se encaixam mais mesmo, impressionante.
Eu continuo te vendo em tudo, Flora.

Com um jardim de amores.
Miguel.