quarta-feira, 20 de abril de 2011

Instrumental.

Nesse comodismo incessante ela não conseguia se adequar. Tentava se livrar desses pensamentos ruins até cair num buraco negro feito dos mesmos. E tentava mais do que tudo se convencer de que tudo era normal demais, de que tudo o que acontecia era, de fato, o que acontecia, aconteceu ou havia de acontecer na vida de todos um dia. Mas será? Será se tudo é tão generalizado assim mesmo? Será se esses pensamentos, essas ideias e acasos se faziam moradia na cabeça de todo o resto mesmo? Impossível de decifrar.
Pra tentar ter uma ideia mínima disso, ela observava, ela procurava entender a identidade de cada ser humano que cruzava o seu caminho, lugares cheios deles então, era antros de experimentações mentais e até psicodélicas pra aquela mente incansável.
E até onde isso levava? A quase lugar nenhum. E mais, a cada vez que ela observava, a quase certeza inabalável de que as identidades se mantém sempre em conflito crescia um pouquinho e esse quase ia desaparecendo aos poucos.
Querer se ver nos outros, era um tanto quanto confortável, porém, lá no fundo da mente, ela tinha fixado o desejo de não se parecer com nada e nem niguém tanto assim, de que as coisas não fossem tão fixas assim. E levava tudo como se fosse normal. "É normal" - dizia. Mas a mente.. Ah, essa sempre quis dizer o contrário.