segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pré-história

Entramos naquela casa que, por um milagre tinha um pequeno interruptor perto da porta. A luz entrou em todos os cantinhos que pareciam não ter sido explorados em muito tempo. Pequenas penugens e nuvens de poeira se encontravam em todo o lugar: móveis, espelhos, escadas, cadeiras, nada parecia escapar da idade.
Nada seria tão encantador se a luz não estivesse presente, ela fazia com que tudo o que nós não havíamos percebido fosse ainda mais encantador, com toda a idade, com todo o desgaste. E a casa ia, sem fim por todo mínimo detalhe iluminado, por toda pequena película de poeira por cima de cada móvel numa descoberta sem fim.
Ah, o fim. O fim era com certeza a ultima coisa que parecia passar por nossas mentes naquele momento. Sempre acreditei que mesmo pensando em todos os começos, nunca conseguiria esquecer-me do fim. Aquele pequeno momento de luz foi como um dia de meditação, tudo o que acabava, começava, explodia e se esquecia em toda aquela imensidão. Não me preocupei em perguntar o porque, o caminho ou a possível razão daquele momento.
O primeiro passo que demos naquela casa nos fez mergulhar em uma nova dimensão. As menores partículas do meu corpo, as menores partículas de poeira e as grandiosas partículas de história que se encontravam ali estavam cheias de luz.
E ali eu estava, só naquele momento onde nada mais era importante. O resto do mundo tinha ficado lá fora, toda a confusão, todas as interrogações e complexidades tinham ficado para trás com a escuridão do mundo. Aquele momento era totalmente intenso onde tudo o que exisitia eram os detalhes jamais vividos, a simplicidade iluminada, clara, bem ali na minha frente.
Tudo era luz, eu era luz.
E o que mais me impressionava era o fato de que a luz nao me cegava, não me fazia espremer os olhos com força, como fazia na forte luz do sol nos dias de verão na praia ou nas salas de aula de todas as escolas que passei na vida. Todas as luzes que me cegavam e incomodavam

não estavam mais ali.
Aquela era a casa que eu queria passar o resto da minha vida. Não, não o resto da minha vida, já me prometi que nao faria planos tao longos. Aquela era a casa que queria passar meu tempo. Que faria meus dias de luz.



- Júlia e Letícia -



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