terça-feira, 6 de outubro de 2009

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Quando ele a pegou pelas mãos não sabia o perigo que estava correndo, só a encontrou indefesa, solitária, solta ao relento. Não havia nada dentro dele além da extrema vontade que sentia de levá-la, de cuidar de cada pedacinho dela, de viver com ela até que se curasse, sabia de todos os riscos, sabia de todos os  traumas que a conduziam ao erro, sabia que o caminho que queria seguir tinha um lado ruim mais acentuado do que o de lado de lá, mas a vontade, a tentação não o deixavam resistir, a vontade havia tomado conta da sua consciência naquela hora onde mais nada havia, só vontade. Com todo o cuidado que ele jamais teve (sempre foi considerado um homem bruto, de poucas palavras) pegou, acalentou e acariciou até que percebesse que ela se sentia um pouco segura, um pouco longe das dúvidas. Ela foi se soltando, foi amadurecendo aqueles poucos segundos de conhecimento, e foi querendo se libertar, foi querendo sair desse casulo, foi mostrando toda a liberdade que queria ter (sempre foi considerada apegada demais, dependente), e tentou seguir, tentou soltar-se dele o mais rápido possível. E ele ao perceber absurda situação se contrariou, as palavras acabaram novamente, a dureza voltou, a brutalidade era predominante mais uma vez. Ele tentou a soltar, mas se sentia apegado demais, não sabia o que fazer, pela primeira vez na vida, não sabia a atitude que queria tomar, mesmo cheio de vontades, dessa vez a vontade não fez seu papel absolutista, em estado de coma a vontade se encontrava. Ele a pegou pelas mãos, não sabia o perigo que estava correndo, não sabia. E a soltou, não sabia o perigo que estava correndo, não sabia.

20090324155713

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